sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Herança de um Shaman VII

– Essa história é longa. O que sabes sobre os quatro generais?
Pensei e reuni as poucas informações que tinha. Nunca tinha estudado história, e tudo aquilo que eu sabia era aquilo que meu pai havia contado nos anos passados.
– Tudo que eu sei é que eles eram os quatro Espíritos encarregados pelo Poder das Trevas de cuidar das facções de seu exército. Eram o Terror, a Peste, a Discórdia e a Destruição. Em algum ponto da Segunda Era, eles foram aprisionados. Isso era o que eu sabia até agora.
– Por incrível que pareça isso é bastante coisa. Bem, vamos à parte que interessa. No final da Segunda Era, um poderoso necromante apareceu na cidade de Liath. Consigo, ele trazia um segredo que mudou as chances a nosso favor, na batalha contra o Elemental das Trevas. As almas que estão dentro dele foram as primeiras a criar um cristal de almas, e foi com essa arma que quatro poderosos magos venceram os Espíritos. Eram quatro humanos, que encerraram os generais dentro de si.
– Estás me dizendo que humanos chegaram tão longe?
– Exatamente. Os Espíritos que lutavam ao nosso lado, por óbvio, os ajudaram nessa empreitada. Eu mesmo ajudei o teu antepassado no momento do embate.
Eu pensei por um minuto. Então eles vencerão os quatro generais e os submeteram aos seus poderes. Certo, se os Espíritos haviam ajudado isto me parecia mais plausível. Mas algumas coisas ainda pareciam me incomodar no meu íntimo.
– Disseste que, além de nós quatro, havia outros Shamans no mundo, que Espíritos eles prendem?
Genim olhou-me com olhar de quem não acreditava no que ouvia. Por alguns momentos ficou parado me olhando, medindo as palavras.
– Eles não prendem nenhum espírito. São comunhões de comum acordo entre Espíritos e humanos ou elfos. Isso acontece, por exemplo, quando o Espírito é muito fraco, ou sua origem de poder está sendo destruída, e ele está próximo à morte. Esses Shamans, em regra, são muito mais fracos do que vocês, os quatro grandes Shamans, mas é com um deles que treinarás.
– Certo. O que acontece quando um Shaman é morto?
– Simplificando, o Espírito que ele prendia é liberto.
– Isso significa que…
– Se morreres antes de transferir este espírito ao teu sucessor, tudo estará acabado. – Ele falava com uma certeza inconveniente. – Por esta razão, nem penses em morrer antes que eu volte a vê-lo.
Calei-me. Era bastante saber que eu deveria ir atrás de treinamento, e sobreviver ainda assim.
– E para que eu preciso treinar?
– Para que este Espírito dentro de ti não tome a tua consciência, para que saibas controlá-lo. Isto seria o principal. Mas por algum azar que as estrelas guardam para os Shamans, vocês sempre acabam tomando um papel central em seu tempo. Mas não te preocupa, pois os pequenos Espíritos de raposa serão fieis emissários nesta tua jornada.
Uma pequena raposa apareceu ao nosso lado. Já havia visto uma, só não me lembrava aonde. Passei a mão na cabeça daquele pequeno ser, enquanto pensava na próxima pergunta.

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