domingo, 24 de janeiro de 2010

A Herança de um Shaman I

Uma criança vestida em negro saltou de uma pedra para a outra, num nível pouco abaixo. Seus pés não produziram som algum, e a graciosidade com que planava fazia parecer que não tinha peso.
A lua emitia uma luz etérea, deixando seus contornos quase indetectáveis, ainda assim, era fácil ver seus olhos, sem pupilas, em tom prateado, na mesma cor que seus curtos cabelos. Sua pele era muito branca e lisa, e seu manto negro balançava etéreo, disforme, vez ou outra soltando um pedaço, que se evanescia no ar.
Observava tranquilo uma pequena vila a seus pés. Era pequena e frágil, nada mais que um amontoado de casas. Os humanos ali viviam despreocupados. Pelo adiantado da hora, muitos já estavam deitados, prontos para dormir. Ele suspirou, quando uma pequena mariposa negra surgiu e começou a voar a sua volta. Muitas outras já estavam neste movimento.
Sem alterar por um instante sua expressão, a criança estendeu sua mão à frente e virou o corpo. Uma gigantesca gadanha parecia surgir das sombras a sua volta, para pousar em suas mãos. Era um tanto desproporcional, em vistas do pequeno tamanho da criança. Estava claro que aquele ser não era nem um pouco normal.
O corte da imensa arma foi travado, com imenso estrondo, por um imenso escudo de bronze. O sorriso do homem que o portava se dirigia à espada que, em sua outra mão, mantinha com a ponta próxima ao pescoço da criança. Ainda assim, aquele pequeno ser de olhos prateados não alterava sua face inexpressiva.
– Aeon.
– Genim! Que surpresa te encontrar em um lugar assim. O que faz a Morte aqui?
– A Morte tem assuntos em qualquer lugar onde exista vida, até onde eu me lembre. Mas o que faz a Guerra em um lugar tão ermo? – O recém chegado aumentou seu sorriso, um sorriso que paralizaria o mais corajoso dos homens. Ainda assim, a pequena Morte não se alterava.
– Só apareces para grandes eventos. Então, pensei que algo pudesse me divertir aqui.
Pela primeira vez Genim deixou transparecer uma emoção. Era o desgosto pelo espírito sanguinário de Aeon.
– Trago más notícias a um único homem. Um Shaman. Não é alguém que lhe possa interessar, nem ao menos teremos um massacre por aqui. Vá embora, e me deixe trabalhar em paz.
– Em sendo assim, não tenho nada o que fazer. – O homem encolheu os ombros, e tirou o peso do escudo e espada. Como que em um passe de mágica ele foi parar a metros de distância do pequeno – Não te esqueças de me chamar, se algo interessante for acontecer.
O pequeno se virou contrariado, e saltou na escuridão.

Um comentário:

  1. Muito bom. Belo começo, devo dizer.
    ^^

    Só atente para os hifens desnecessários. Provavelmente vieram do arquivo do word para separar sílabas.

    Nada de mais.

    Um Abraço,
    Continue com o bom trabalho.

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